Um dos maiores filmes dos últimos tempos, “Esses Amores” é mais q uma grande obra, é a consagração máxima de um diretor já plenamente reconhecido, desde “Um Homem, uma Mulher” – de 1966 (!!), um de seus primeiros trabalhos. Claude Lelouch atinge a apoteose criativa com “Esses Amores”, aos 73 anos de idade.
Poderíamos cogitar q Woody Allen atinge seu apogeu aos 62 anos com “Desconstruindo Harry”, já tendo impactado o mundo várias vezes antes, com “Manhattan”, “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, etc. Porém em “Scoop – O grande furo”, Allen atinge um dos cumes de um diretor: a criação despretensiosa, fluida, driblando quaisquer exibicionismos performáticos.
Pois bem, Lelouch encontra despretensão, fluidez, potência de roteiro e magistral direção de atores em “Esses Amores”. Escolhe um compositor na vida real, Laurent Couson, para ser seu ator principal. Como protagonista, a atriz Audrey Dana (então com 33 anos) parece veterana ao interpretar as várias idades da saga de vida inteira de sua personagem. Além disso, Lelouch conduz sua obra ATRAVÉS da música. Iça o espectador do chão, com uma “batuta de condão” hipnotizante, inoculando melodia, como um maestro mágico.
“Esses Amores” é filme de autor, num sentido máximo (a despeito deste termo já gasto), a definição do q é um olhar panorâmico sobre cinema, e do q seria harmonização das multiplicidades de relevâncias e sutilezas na composição de uma obra. Para completar, só entendi qual era de fato o tema do filme ali pelo terço final, de tanta preciosidade q Lelouch dedicava a cada detalhe de sua produção.
Lelouch maestro, magistral nesta obra-prima da história do cinema, levanta o espectador, impacta, apaixona, e depois o embala até dormir ao som de sua trilha sonora impressionantemente intrínseca ao filme. “Palmas de ouro”, aula de cinema.
Lindo este filme!!
O jeito que o diretor consegue contar a história de uma jovem francesa – e seus amores -, sem se perder no pano de fundo, que é tão impactante (pré, durante e pós 2a Guerra Mundial, judeus sendo levados para os campos de concentração,…), é impressionante! Lembro que fiquei o tempo todo dentro da história dela, no meio de todo este contexto, inclusive quando ela se relaciona com um militar alemão.
A questão da música no filme é realmente muito central. Uma das cenas mais emocionantes, pra mim, é quando há uma cantoria no campo de concentração, onde todo mundo se une e ganha alguma serenidade juntos, pela música! Mas acho que não só a música, mas a questão das artes em geral pra esse diretor é muito importante, não é a toa que a infância/juventude da personagem é passada dentro de uma sala de cinema. Parece que o filme faz uma espécie de homenagem ao cinema, pois até na cena do momento do crime do qual a personagem é acusada, há um poster gigante de um filme do Hitchcock na escada.
Enfim, adorei o post e adorei o filme!!
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