“A Casa Silenciosa”, o melhor terror dos últimos anos

“La Casa Muda” (título original) é o grande terror desde “A Bruxa de Blair”. Gravado em impressionantes 4 dias, e c/ orçamento de US$6 mil, o filme uruguaio tem feito sucesso mundo afora (Cannes, etc). Filmado em segmentos de 10min, simulando 1 único take. Baseado em fatos reais.
Tenso de ponta a ponta, 78min de angústia não facilitada por “pré-sustos” ou qualquer pista atenuadora q anuncie o porvir. Multifacetado, inclui suspense e terror à trama, numa casa assustadora, porém c/ pouquíssimas “trucagens” (como portas rangendo, teias de aranha ou porões escuros). Não há monstro, como em Blair, há apenas um não saber, sustentado c/ extrema qualidade pelo excelente diretor. A “monstruosidade” seria a “monstração”, ou seja, a explicitação do horror q pode haver no humano. Como Freud defende no clássico texto “O Estranho”, não há como temer a “pura estranheza”, pois não há como concebê-la. Portanto, tememos sempre aquilo q já lá estava, em nossa íntima subjetividade, inconsciente, recalcado.
Se o brilhantismo de “A Bruxa de Blair” é provocar q cada um projete sua própria “bruxa” ao final, em “A Casa Silenciosa” a ênfase magistral fica no clima de suspense – real protagonista no filme. O diretor usa sua câmera refinada para impedir q o espectador descanse no distrair-se. Ainda q também contenha cenas menos tensas, não há tempo para piadas ou muita respiração. Se suspense for causar uma suspensão, aqui o resultado é perfeitamente logrado.
Nem a suposta solução do mistério – clássica nesses filmes – tem aqui seu destaque. O “ar q sobe e nunca sai” é o grande tempero. Obra-prima, imperdível. Agradeço à querida Mariana pela dica e repasso com prazer.

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